random thoughts | january '16

1.2.16

Um mês se passou.
Sabe-se bem que as percepções de tempo são relativas ao indivíduo, ainda assim diria que foi rápido, e tão devagar. 

Depois do fatídico dia de Ano Novo, perdi muito mais que um simples bem material tomado de mim. Ganhei o pânico ao fechar os olhos e reviver aquela cena novamente. Ainda que me esforçasse a apenas fazê-lo após ler, ler e ler até encontrar a exaustão, mas minhas pálpebras cansadas não eram páreo para as memórias insistentes. Ao acordar, as ruas faziam meu coração bater em disparada. O olhar constante de estranhos encostados em muros ou motocicletas contorciam meu estômago. Passar uma tarde sozinha dentro da minha própria casa me fez tomar dois comprimidos amarelos até minha respiração voltar ao normal. 

O tempo passou e, um dia, consegui tomar uma cerveja com meus amigos após dias de auto-enclausuramento. Entre um copo e outro voltei a ser quem eu costumava ser antes daquele dia, alguém que sorri livremente sem olhar sobre o próprio ombro. Passava das 2 da manhã quando resolvemos ir embora por ruas escuras, o táxi parecia não chegar nunca e um grupo de moradores espalhava-se sobre papelões se protegendo da chuva. Vez ou outra alguém passava por nós na rua quase deserta. Não notei que minhas mãos tremiam, nem que estava há alguns minutos sem dizer uma palavra até um dos meus amigos chamar minha atenção. "Pode ficar tranquila", ele disse. Ninguém me faria mal ali. 

Eu forcei um sorriso e fingi estar bem para esconder tudo o que eu estava sentindo, para não aparentar fraqueza, para disfarçar todas as partes quebradas dentro de mim. 

Eu forcei um sorriso e fingi estar bem, como fiz inúmeras vezes ao longo dos últimos 23 anos. Ninguém percebeu. As máscaras que colocamos ao longo da vida tornam-se parte de nós se usadas por muito tempo.

Foi só quando girei a chave na porta de casa que o nó na minha garganta conseguiu se desfazer. Tomei um banho, descansei a cabeça sobre o travesseiro e, em meu sono conduzido pelo álcool, consegui relaxar. Os pesadelos não voltaram a me atormentar naquela noite, nem nas noites seguintes, mas o sentimento de não estar mais em segurança permanece em mim, entrelaçado aos outros tantos sentimentos bem aprisionados em meu cérebro.

Só temo pelo dia em que todos eles se libertarem. 

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